Birras (pauzinhos de pipocas com chocolate), bombons,
sombrinhas, cacos (pedacinhos de chocolate partidos que se vendem a
peso), coloridos macarons e um mundo de mais doçuras onde o chocolate é
rei incontestável. Da invicta até Lisboa, eis a chocolataria Equador.
Num ambiente acolhedor temperado com tons quentes e luz intimista,
celebra-se o cacau e o design português de outras épocas e surgem a cada
vitrine, expositor ou prateleira as tabletes e bombons em combinações
variadíssimas que comprovadamente despertam a curiosidade e a vontade de
apurar os sentidos. Dos mais exóticos – com caril, pimenta branca,
pimenta rosa, gengibre, chili ou góji –, aos que celebram a lusofonia
com vinho do Porto ou ginja (sabor especialmente concebido para vender
em Lisboa) e aos sabores mais convencionais – como noz, amêndoa ou
laranja. Ou ainda esses irresistíveis franceses, alinhados numa palete
colorida, os macarons.
De origem bem portuguesa, tendo aberto a primeira loja no Porto em 2010
e a segunda em 2012, a chocolataria Equador homenageia no seu baptismo o
eixo que no imaginário do mundo atravessa destinos de onde chega a
divina matéria-prima utilizada na confecção do chocolate. Do Brasil,
Equador, Cuba e Madagáscar vem o "melhor cacau" que depois chega às mãos
dos mestres chocolateiros Miguel Tendim e Rui Costa à fábrica em Leça
do Balio, Matosinhos. Nascida do amor entre Teresa Almeida, escultora, e
Celestino Fonseca, designer, e da paixão de ambos pelo chocolate, a
Equador decidiu estender as suas obras até à lisboeta Rua da
Misericórdia.
É que a fama já corria o país e não faltavam lisboetas a desejar um
Equador na capital. Como o Luís, que nos conta que sempre que ia ao
Porto voltava carregado com tabletes de chocolate de leite com arroz
tufado. Luís e outra fã da marca, a Isabel, conheceram Celestino numa
das suas idas à chocolataria e convenceram-no, por fim, a abrir uma loja
oficial em Lisboa. O desafio foi aceite e o resultado, diz-nos Concha
Valente – directora da chocolataria lisboeta e amiga dos proprietários
da loja de Lisboa, Isabel e Luís –, não podia ser melhor. “Já havia
pessoas em Lisboa que conheciam a marca e os que não conheciam
rapidamente se foram apaixonando”, porque apesar de a publicidade ser
“boca-a-boca”, “quando o produto é bom a mensagem passa” e esta
característica tem sido a “melhor aposta de marketing”.
São muitos os que aqui vão entrando pela curiosidade despertada pela
montra e entrada. Até porque quando ali passámos, brilhava o espírito
natalício graças às decorações inspiradas na aldeia idílica da marca, a
Vila do Lago, com casinhas e árvores feitas de chocolate negro com
pimenta rosa cobertas de neve de açúcar em pó e com os guardiões de
mundo da fantasia, os soldados quebra-nozes.
Agora, lisboetas e também muitos turistas não faltam a esta “festa do
chocolate” que consegue deslumbrar com o seu acolhedor ambiente retro.
Numa atmosfera e design inspirados nas décadas de 1940-50 com um toque
de modernidade, aprecia-se o café (próprio para degustar chocolate
assinado pela parceria da chocolataria com a marca de café portuguesa
Torrié) com um bombom, uma trufa ou um macaron por preço de menu (1,80€)
ou saboreaia-se um cremoso chocolate quente (2€). Como confirma Concha,
as pessoas gostam deste tipo de espaços. E podem “fugir à dieta” de vez
em quando sem se sentirem culpadas como se em vez de um macaron ou um
bombom tivessem comido um bolo.
E qual é o segredo da marca? Concha responde sem hesitações: “a
qualidade do chocolate”. A ajudar, o facto de ter produtos e espaços
“visualmente apelativos” e um “serviço e atendimento de qualidade” a
partir do qual, segundo explica, procuram “tratar cada cliente de forma
especial e dar-lhe toda a atenção”. Ajuda ainda o facto de terem
“produtos para todas as carteiras”, refere Concha.
A chocolataria produz por mês cerca de 1500 kg de chocolate. A loja de
Lisboa é abastecida todas as semanas de tabletes, sombrinhas e trufas
produzidos em Leça do Balio por Miguel Tendim e a sua equipa de mais
três pessoas. Já os bombons e, especialmente, os macarons (produzidos
pelo mestre chocolateiro Rui Costa) têm de ser repostos várias vezes por
semana porque, como conta Concha “os clientes são viciados em macarons”
(como comprovámos, é de facto difícil resistir a uma palete bem
colorida destas deliciosas criações).
Aos produtos desta chocolataria e às madeiras rústicas, prateleiras de
frasquinhos e montras coloridas sobre o chão de pedra, com tantos anos
quantos tem o edifício, juntam-se pequenas aventuras vividas na
ficcionada Vila do Lago, narradas por Álvaro e ilustradas por Celestino,
num design retro reinterpretado, impressas em postais que acompanham as
caixas de bombons e trufas. São as aventuras vividas por Álvaro e Joana
durante as férias escolares passadas em família na Quinta da Eira, na
Vila do Lago. Os dois primos divertem-se durante a apanha da castanha ou
das amoras que depois vão trazer inspiração ao seu tio cozinheiro que
vai misturando estes ingredientes às suas tabletes de chocolate. É
dessas aventuras imaginárias que “nasce” o chocolate que a loja celebra,
envolvtas em papel castanho com diferentes estampados e cores terra.
Aventuras que a Chocolataria Equador pretende passar para livro para
depois organizar histórias ao vivo nos fins-de-semana da chocolataria.
Nos planos, estão ainda a produção de chocolates sem açúcar, parcerias
com hotéis e teatros e a abertura de novas lojas – “para já” em Lisboa.
Entretanto, é aproveitar eventos como as planeadas provas de chocolate
com vinho do Porto, matéria em que já têm experiência, uma vez que têm
uma parceria com as caves Ramos Pinto, onde também têm as suas
produções, no âmbito da criação do seu chocolate negro com vinho do
Porto. A aventura passa também por alargar estas experiências a vinhos
de mesa e muitas outras combinações. É que “um bom chocolate vai bem com
tudo”, garante Concha.
Fonte: Publico Fugas