As cerejas do Fundão não têm segredos para Teresa Vivas, de 44 anos, e
Patrícia Silva Gomes, de 34. Cor, doçura, acidez e as receitas em que
podem usar-se são parte do trabalho da Chef’s Agency, especializada na comunicação de marcas e produtos gastronómicos.
Teresa estudou e trabalhou em agricultura. “Decidi focar-me na
recuperação de produtos que podiam fazer a diferença no Alentejo. Entre
1995 e 2001, dediquei-me às ervas aromáticas. Na altura, ninguém sabia
nada, os professores não faziam ideia de como se faziam as culturas. Fiz
identificação de alguns produtos como mel, licores, compotas de frutas
mais comuns na região, azeite. Eu fazia a recuperação dos produtos,
trabalhava com a associação de desenvolvimento local, dava formação
profissional e na identificação dos produtos, mas era tudo muito
artesanal”, conta.
O trabalho de campo implicava milhares de
quilómetros: Teresa estava em Castro Verde de manhã, perto de Reguengos à
tarde e dormia em Évora. “Comecei a pensar que estava a ficar velha
para tanto movimento.” E procurou mudar.
Durante oito meses
trabalhou como diretora comercial da Infor 24, uma empresa informática,
mas sentia falta do que deixara. Com vontade de estudar gastronomia,
procurou alternativas na página de internet da Escola de Hotelaria do
Estoril e numa dessas viagens virtuais reconheceu o chef Vítor Sobral, a
quem enviou um e-mail para se aconselhar. Dois meses depois, a resposta
chegou. Sobral não a aconselhou a estudar, mas marcou uma reunião com
ela. “Fazia-lhe falta alguém no backoffice. Eu trazia essa bagagem
ligada ao produto.” Durante sete anos trabalhou com o chef e só
abandonou o trabalho para abrir a sua empresa, uma forma de dar apoio à
carreira de outros chefs com necessidades semelhantes.
Só que
Teresa Vivas depressa percebeu que o mercado tinha outras necessidades e
que, se queria que o projeto da World Chef’s Agency crescesse, tinha de
o abrir mais. É nessa altura que surge Patrícia Silva Gomes, que tinha
estudado comunicação social, já tinha experiência em agências e cumpria o
papel que Teresa não dominava: comunicar e trabalhar as marcas nos
meios e junto do público.
Em 2011, depois de já ter investido
cerca de cinco mil euros na World Chef’s Agency, a empresa deixou cair a
primeira palavra do nome e já como Chef’s Agency,
aproxima-se das marcas mais pequenas e especiais. Os vinhos do enólogo
Paulo Laureano, da Carm e Quinta dos Lemos, os produtos que a Câmara do
Fundão quer promover e a flor de sal da Salmarim são algumas das marcas
que ajuda a comunicar, muitas vezes associadas a chefs que dispensam
apresentações - Henrique Sá Pessoa, Luís Baena, Leonel Pereira ou Vítor
Sobral.
O trabalho da empresa, que fatura cerca de 100 mil euros
por ano, é “pegar nas diferenças de cada projeto para diferenciá-lo
frente ao consumidor final. As pessoas apaixonam-se pelo lado
diferenciador das histórias”, conta Patrícia.
Fonte: Dinheiro Vivo
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