Salsa, coentros ou manjericão? A resposta certa é: os três. Sementes,
substrato, placas de identificação em madeira e ainda um livro de
receitas bilingue: português/inglês. Foi este o projecto que conquistou
os seguidores da plataforma de crowdfunding Massivemov que euro a euro
financiaram o projecto de Rita e Miguel Guedes Ramos. Ela formada em
Ciências do Ambiente, ele em Design Gráfico. Irmãos.
Mas a ideia
começou algum tempo antes quando tentaram desenvolver uma empresa de
marketing sustentável e consultoria na área do ambiente e, em parceria
com a TEDX (fórum mundial de divulgação de novas ideias) e com a Silicon
Valley comes to Lisbon (Semana Global do Empreendedorismo que teve
lugar em Lisboa, em 2011), conseguiram chamar a atenção com uma caixa
com sementes de bolota para plantar em casa.
«Daí até à Stufa foi
um passo. Começámos a ver o que podíamos fazer e vimos que havia uma
grande tendência de os chefs aconselharem as pessoas a plantar as suas
próprias ervas aromáticas. Achámos por bem reunir toda a informação num
só ponto e fazer um kit para as pessoas começarem a fazê-lo», conta
Miguel.
Mas os jovens irmãos não se ficaram por aí. A eles
juntou-se um terceiro sócio, Diogo Almeida, responsável pelo modelo de
negócio. Juntos desenvolveram o produto, procuraram as sementes ideais -
«afinal têm que nascer e crescer!» - e fizeram parcerias com os chefs
Nuno Bandeira de Lima, do restaurante The Decadent, e com Diogo Noronha,
do Pedro e o Lobo, que forneceram receitas para incluir nos livros que
são vendidos com cada pack. Finalmente, desenvolveram dois produtos
distintos: «Temos dois kits : o de salsa, coentros e manjericão; e o de
microgreens, que é de mostarda e rúcula».
Miguel explica que a
utilização de microgreens na cozinha «começou na Califórnia, nos anos
90, nos restaurantes com estrelas Michelin e rapidamente captou o
interesse e imaginação de chefs de renome à volta do mundo. Estes
vegetais sem qualquer tratamento químico (são o estado anterior aos
babyleafs), são colhidos assim que aparecem as primeiras folhas (ao fim
de sete a 20 dias)». Por serem apanhados tão cedo contêm uma elevada
concentração de nutrientes e antioxidantes, «em média dez vezes superior
à folha adulta». Em Portugal, há apenas um outro empresário que se
dedica à sua produção, revela Miguel.
A Stufa parece ter assim não
só o objectivo de gerar produtos inovadores mas, ao mesmo tempo, que
sejam amigos do ambiente e da saúde: «Acreditamos que o interesse pela
agricultura vem de uma preocupação ainda maior com o planeta -
aquecimento global e escassez de recursos - e há valores que terão de
ser incutidos para tornar o mundo mais sustentável no futuro. Queremos
relembrar algo que, por vezes, ficou esquecido e é tão simples como
plantar alguns dos nossos alimentos. Deste modo, não só temos o controlo
total da produção e acesso a produtos 'frescos' como contribuímos para
um Mundo melhor».
Os resultados não se fizeram esperar, já vão na
segunda edição de kits, que estão a ser vendidos de Norte a Sul do país
em mais de 30 lojas, sem falar nas vendas online para toda a Europa a
partir do site da Stufa.
Recentemente conseguiram também estar
representados numa loja em França. Agora fazem planos para o próximo ano
que trará novidades, não só ao nível de maior variedade de produtos -
frutas e legumes -, como de objectos - vasos - para complementar toda a
experiência.
Entretanto, continuam a dar workshops para grupos que
queiram ter a sua própria horta. «Não é um bicho de sete cabeças mas
também não é só semear e esperar que cresça», avança Miguel. É por isso
que em todos os kits e oficinas que promovem explicam como escolher o
vaso, a terra e a periodicidade da rega. «Isto parece muito básico mas
muitas pessoas não o sabem fazer. Depois entramos um bocadinho na
história de cada erva aromática, como e quando deve ser feita a primeira
colheita, quais os benefícios para a saúde, que cuidados específicos se
devem ter...». E, se tudo correr bem, ao fim de dois meses já se podem
colher os primeiros rebentos de salsa, coentros e manjericão. Mas para
quem é mais apressado, talvez seja melhor optar pelos microgreens, para
esses bastam apenas três semanas.
Fonte: SOL
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