segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Cada vez mais gente quer acabar com o desperdício

Há cada vez mais pessoas empenhadas em acabar com o desperdício alimentar. O projeto Refood, que arrancou em Lisboa em março de 2011, cresce todos os dias. Resgata, em média, 14 mil refeições/mês e quer, em breve, chegar ao Porto e, até ao fim do ano, ter núcleos nas 24 freguesias da capital. 

Há cada vez mais pessoas empenhadas em acabar com o desperdício alimentar. O projeto Refood, que arrancou em Lisboa em março de 2011, cresce todos os dias. Resgata, em média, 14 mil refeições/mês e quer, em breve, chegar ao Porto e, até ao fim do ano, ter núcleos nas 24 freguesias da capital. 

O sonho do americano que anda de bicicleta, que reside em Lisboa há mais de 20 anos, parece estar, a pouco e pouco, a tornar-se realidade: fazer de Lisboa a primeira cidade do mundo sem desperdício alimentar. "Estamos a alimentar pessoas. Há pressa. Há pressa de espalhar o projeto o mais rápido possível", diz, ao JN, Hunter Halder, 62 anos, ex-consultor de empresas dedicado ao "team building" e agora comprometido em acabar com o ilógico desperdício que leva restaurantes, hotéis, cantinas e empresas a deitar para o lixo comida que podia alimentar pessoas que passam fome.

O projeto nasceu na freguesia de Nossa Senhora de Fátima, em março de 2011, primeiro com apenas cerca de 30 restaurantes e igual número de voluntários. Hoje, este núcleo tem cerca de 100 fontes de alimentos - entre os quais o El Corte Inglés, o refeitório da Casa da Moeda e muitos pequenos restaurantes e pastelarias da zona que dão o que podem - e cerca de 250 voluntários que, todos os dias, em três turnos, são responsáveis por recolher, embalar e distribuir alimentos que dão de comer a mais de 60 famílias.
Envolve 300 restaurantes

A ideia germinou e, hoje, há mais três núcleos a funcionar: Telheiras, Estrela e Lumiar, este último desde 18 de dezembro e com sede num espaço cedido pelo Hospital Pulido Valente, distribuindo também a comida que sobra do hospital. No total, o Refood tem neste momento cerca de 300 fontes de alimentos e 700 voluntários, "mais 300 a 400 envolvidos no desenvolvimento de novos núcleos", diz o fundador, adiantando que os próximos a abrir deverão ser São Sebastião da Pedreira e Olivais. Mas há também gente com vontade de arrancar em Alfragide, Almada e no Porto (onde os interessados podem manifestar-se pelo email porto.refood@gmail.com).

"Eu sempre disse que a Refood não é um comboio. É um foguetão", diz Hunter, garantindo que todos os dias é contactado por pessoas empenhadas neste combate. "O único benefício da crise foi a mudança de valores, pensar mais em quem precisa. Quando as pessoas estão bem não pensam tanto nas dificuldades", diz, explicando que todas as doações são bem-vindas sejam tempo (duas horas por semana), equipamentos (precisam de frigoríficos) ou espaço. "Nós não somos um clube, somos a Seleção Nacional. Todos são bem-vindos e convidados a ajudar". 


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