A escolha dos alimentos e suplementos nutricionais adequados a cada
doente com cancro colorretal permite reduzir os sintomas decorrentes dos
tratamentos e melhorar a qualidade de vida, concluiu uma investigação
premiada pela Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa.
O estudo "Intervenção nutricional individualizada é importante benefício
para pacientes com cancro colorretal: acompanhamento de longo prazo de
uma experiência controlada de terapia nutricional", desenvolvido por um
grupo de investigadoras da Unidade de Nutrição e Metabolismo do
Instituto de Medicina Molecular, da Faculdade de Medicina da
Universidade de Lisboa, foi o trabalho distinguido na 4.ª edição do
prémio.
"Fomos avaliar os doentes que haviam recebido a intervenção
nutricional individualizada, com uma dieta prescrita individualmente
para cada pessoa, tendo em conta que são todos doentes oncológicos, mas
todas as pessoas são diferentes umas das outras" e têm as suas
preferências, hábitos e intolerâncias, explicou à agência Lusa a
coordenadora da investigação.
Embora o seu trabalho se concentre nos pacientes com cancro
colorretal, "daquilo que se verifica do ponto de vista clínico, haverá
outros cancros, e há, em que este tipo de intervenção com este tipo de
modulação consegue efetivamente ser positivo", acrescentou a
investigadora.
Paula Ravasco referiu que a experiência desenvolvida incluiu três
grupos, um deles recebeu uma prescrição individualizada em termos
dietéticos e educação alimentar para que o doente percebesse quais os
alimentos que devia escolher e aqueles a evitar para não ter sintomas
desagradáveis decorrentes dos tratamentos de radioterapia, ou para
reduzir a sua intensidade.
Num dos outros grupos, os pacientes mantiveram os hábitos alimentares.
"Os doentes que receberam a intervenção nutricional individualizada
efetivamente tinham outcomes [resultados] mais positivos e estavam
melhor do ponto de vista global da sua qualidade de vida a longo prazo",
salientou a investigadora.
O aconselhamento individualizado permitiu resultados positivos na
ingestão nutricional e estado nutricional, melhorou a capacidade
funcional, levou a uma menor toxicidade devido aos tratamentos e a uma
melhor qualidade de vida dos doentes com cancro colerretal.
A especialista em nutrição realçou a importância de conhecer o doente
nas suas especificidades orgânicas, os hábitos alimentares e as
preferências, nas especificidades psicológicas e de autonomia.
Nos últimos sete anos, Paula Ravasco tem ajudado vários países a
integrar a intervenção nutricional individualizada em instituições e
hospitais.
Quanto a Portugal, "as coisas vão um pouco mais devagar, mas já
existem algumas instituições que o fazem", referiu a investigadora,
apontando os exemplos do IPO do Porto ou do Hospital de Santa Maria.
O prémio Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa MSD em Epidemiologia
Clínica, "mais do que o balão de oxigénio" para o trabalho de Paula
Ravasco, vai permitir desenvolver os estudo iniciados em 2001 e "obter
mais certezas em termos de diagnósticos e de intervenção".
"Estão demonstradas as variáveis clínicas que melhoram com esta
intervenção, agora precisamos perceber porque melhoram os outcomes,
assim conseguimos provavelmente amplificar ainda mais esses resultados,
que já são tão positivos", resumiu.
Fonte: Noticias ao Minuto
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