Os industriais do café em Portugal querem que o consumo desta bebida
aumente 50% nos próximos cinco anos no país, para igualar à média
europeia, apostando para isso em quebrar a sazonalidade e em formar
especialistas.
A proposta foi avançada à agência Lusa pela secretária-geral da
Associação Industrial e Comercial do Café, Teresa Ruivo, que admitiu
tratar-se de "um objetivo ambicioso".
Em entrevista à Lusa, a propósito do Dia Mundial do Café, que se
comemora na próxima segunda-feira, Teresa Ruivo referiu que a ideia é
levar cada português a consumir uma média de seis quilos de café por
ano.
"Os últimos dados que temos da European Coffee Federation dizem que
os portugueses consomem, neste momento, 4,7 quilos de café por pessoa
por ano", avançou, embora reconheça que os portugueses têm a ideia que
consomem muito café.
De facto, "em comparação com outros países da Europa, ainda estamos
um bocadinho abaixo desse consumo médio. O consumo médio por pessoa na
Europa situa-se nos 6,4 [quilos por pessoa por ano]", esclareceu.
Segundo Teresa Ruivo, esta é uma diferença que se explica pelo facto
de em Portugal se beber sobretudo o café expresso, ou seja, uma
quantidade muito pequena por dose, enquanto no resto da Europa, e
sobretudo no Norte, o consumo se faz em copos grandes, os chamados
"baldes de café".
Embora o mercado do café em Portugal seja dos poucos que não sofreu
com a crise, estando a apresentar um crescimento todos os anos, a
associação aposta em duas formas de atingir a média europeia.
"Acho que o aumento do consumo de café pode passar por as pessoas
aprenderem que o café não é só uma bebida de inverno, que há outras
formas de consumir o café que não só o café expresso e não tem de ser
quente", defendeu Teresa Ruivo.
Por outro lado, a associação vai apostar na especialização de pessoas
ligadas ao café, fomentando uma profissão pouco conhecida em Portugal:
os baristas.
"É um especialista em café, que estuda o café e as formas de
consumo", explicou Teresa Ruivo, adiantando que a Associação Industrial e
Comercial do Café está a apostar numa formação para que as pessoas
possam "tirar todo o partido do café, seja através do expresso, seja
através do cappuccino, seja através de bebidas frescas".
A ideia, contou a responsável da associação, é ter um barista em cada
restaurante e em cada café ou criar aquilo que já é moda na Europa: os
coffee-shop.
"Há cartas de vinho, há cartas de cerveja, há cartas de águas,
portanto a ideia era conseguirmos que pelo menos alguns dos cafés
emblemáticos tenham uma carta de cafés e que se pergunte [se o cliente]
quer um café mais arábico, mais robusto, mais torrado, menos torrado",
disse, explicando que se pretende que as pessoas consigam perceber as
diferenças entre os diferentes cafés e formas de serem 'tirados'.
Apesar de a associação querer proporcionar a formação, o investimento
em ter um especialista destes "tem de partir do próprio
estabelecimento", à semelhança do que acontece com os escanções ou os
chefs, defendeu.
O barista é, aliás, uma das 'ofertas' que a associação vai apresentar
segunda-feira para comemorar o Dia Mundial do Café, a fim de divulgar
este tipo de especialista, através do qual a informação chega mais
depressa ao consumidor.
"Vamos estar presentes em vários órgãos de comunicação social e vamos
ter a acompanhar-nos alguns barristas que trabalham habitualmente com a
associação, para divulgarmos as diferentes formas de consumir café e as
diferentes propriedades e benefícios do café na saúde", concluiu.
Fonte: Noticias ao Minuto
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