Agricultores transmontanos estão apostar
na produção de amêndoa com investimentos de 33 milhões de euros na
expansão de amendoal na região maior produtora nacional deste fruto
seco, divulgou a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte.
Segundo dados avançados à Lusa pelo
director regional, Manuel Cardoso, depois de até 2009 se ter registado
um decréscimo do número de hectares de amendoal na região, regista-se
agora um aumento traduzido no número de pedidos de apoio financeiro ao
Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER).
Mostrar que a produção de amêndoa no
Nordeste Transmontano tem potencial para crescer e que pode ser
lucrativa para os agricultores é o propósito das jornadas técnicas que
vão juntar especialistas e produtores, na sexta-feira, em Alfândega da
Fé.
No Nordeste Transmontano, sobretudo nas
zonas da Terra Quente e do Douro Superior, mais para o sul do Distrito
de Bragança, concentra-se a maior parte do amendoal português, 16 mil
dos cerca de 24 mil hectares, e daqui sai 67 por cento da produção
nacional de amêndoa.
O volume de negócios gerado por este
fruto seco em Trás-os-Montes ronda os oito mil euros por ano resultado
de uma produção de cerca de duas mil toneladas, enquanto a vizinha
Espanha, líder europeia na produção, colhe cerca de 220 mil toneladas
por ano.
As estatísticas oficiais revelem que o
interesse por esta cultura está a aumentar com a direcção regional de
agricultura a contabilizar «714 pedidos» de financiamento ao PRODER.
O director Manuel Cardoso adiantou que
estão aprovados subsídios no valor de 17 milhões de euros para um
investimento global de 33 milhões na expansão do amendoal em três mil
hectares.
Manuel Cardoso destacou que acrescem
ainda 12 milhões atribuídos pelo PRODER a alguns destes projectos como
prémio à primeira instalação, ou seja iniciativa de jovens agricultores.
Dinamizar a fileira da amêndoa é o
propósito dos promotores das jornadas programadas para Alfândega da Fé,
no âmbito de um projecto que envolve a Direcção Regional de Agricultura,
o Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas
(CITAB) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e do Centro de
Investigação da Montanha do Instituto Politécnico de Bragança.
A iniciativa vai juntar empresários,
produtores, técnicos e investigadores num debate sobre novas formas de
produzir e escoar a amêndoa de Trás-os-Montes e Alto Douro, através da
aposta em variedades locais, com mais sabor e aroma, na conservação de
variedades em extinção e no desenvolvimento de novos produtos ou até
novas formas de utilização, como por exemplo, na cosmética, como
explicou Ana Paula Silva, do CITAB.
«Temos condições naturais muito
favoráveis ao cultivo, que é feito, praticamente, em modo de produção
biológica. É também uma cultura económica e ambientalmente sustentável,
com um enquadramento perfeito com a vinha e o olival», sustentou.
Além disso, a amêndoa adapta-se «a uma
região desertificada e envelhecida como Trás-os-Montes pois os custos de
produção são relativamente reduzidos e exige pouca mão-de-obra quando
comparada com outras culturas, nomeadamente a vinha», esclareceu.
Fonte: AGROTEC
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