quarta-feira, 2 de outubro de 2013

"Fruta Feia" contra desperdício alimentar

«Gente bonita come fruta feia». Este é o lema de uma iniciativa, a Fruta Feia, que procura combater o desperdício alimentar. Um grupo de jovens recolhe, nas explorações agrícolas, a fruta e legumes não normalizados. Vendem-nos, depois, em cabazes. Para já podemos comer esta fruta e legumes «toscos» em Lisboa.

 

Em todo o mundo são desperdiçados, anualmente, 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos, segundo a Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Nos campos agrícolas portugueses, cerca de 30% da produção fica a apodrecer porque não respeita as normas exigidas pelos distribuidores. Para os agricultores não é rentável distribuírem esses produtos.

 

Trata-se de frutas e legumes pequenos, ou grandes, de acordo com as normas, produtos com manchas na casca ou disformes. Contudo, todos eles frutos e legumes com igual qualidade. Um desperdício alimentar que conduziu à ideia Fruta Feia, porque «Gente bonita come fruta feia».

Isabel Soares, engenheira do Ambiente, interessou-se pelo tema ao ler reportagens, ver documentários. «Dei por mim a pensar que isto não tem lógica. Há um desperdício na ordem dos 30%», comenta a mentora da iniciativa.

As bases que orientam a Fruta Feia foram delineadas aos poucos. Entretanto, no início de 2013, Isabel viu o anúncio do concurso FAZ - Ideias de Origem Portuguesa. Vivia em Barcelona há sete anos e queria voltar. Apresentou a sua Fruta Feia e ficou em segundo lugar. Fez as malas e regressou a Portugal para tirar o projecto do papel e torná-lo uma concretização.

«O objectivo desta iniciativa é reduzir o desperdício alimentar, e reduzi-lo a montante da cadeia agroalimentar, ou seja a nível dos agricultores», sublinha Isabel.

A empreendedora recebeu um prémio de 15 mil euros e, apesar do projecto estar orçado em 21 mil euros, continuou o trabalho. Em Novembro 2013, no Espaço da Casa Independente, na freguesia dos Anjos, em Lisboa, serão distribuídos, em horário pós-laboral, todas as segundas-feiras, cabazes com produtos hortofrutícolas da região e da época.

Foi constituída a Cooperativa de Consumo Fruta Feia e quem quiser ter frutas e legumes de qualidade, mas de aspecto tosco, a preços mais baixos do que os produtos normalizados, pode tornar-se membro da Cooperativa, mediante o pagamento de uma cota anual.

Os cabazes de diversos tamanhos são semanalmente abastecidos com os produtos agrícolas da região e os membros têm de recolhê-los, transportando os produtos em sacos disponibilizados pela Fruta Feia.

O projecto-piloto arranca em Anjos, mas Isabel Soares assegura que a Fruta Feia é para espalhar. «Queremos replicar a ideia noutros espaços de Lisboa e noutras localidades», diz.

A equipa Fruta Feia conta com Isabel, dedicada a tempo inteiro, Inês Ribeiro e Francisco Gonçalves, os três mais activos na Cooperativa. «Mas no total somos seis pessoas», afirma Isabel Soares, de 30 anos.

 

Fonte: Café Portugal

 

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