"Fruta Feia" contra desperdício alimentar
«Gente
bonita come fruta feia». Este é o lema de uma iniciativa, a Fruta Feia,
que procura combater o desperdício alimentar. Um grupo de jovens
recolhe, nas explorações agrícolas, a fruta e legumes não normalizados.
Vendem-nos, depois, em cabazes. Para já podemos comer esta fruta e
legumes «toscos» em Lisboa.
Em todo o
mundo são desperdiçados, anualmente, 1,3 mil milhões de toneladas de
alimentos, segundo a Organização para a Alimentação e a Agricultura
(FAO). Nos campos agrícolas portugueses, cerca de 30% da produção fica a
apodrecer porque não respeita as normas exigidas pelos distribuidores.
Para os agricultores não é rentável distribuírem esses produtos.
Trata-se
de frutas e legumes pequenos, ou grandes, de acordo com as normas,
produtos com manchas na casca ou disformes. Contudo, todos eles frutos e
legumes com igual qualidade. Um desperdício alimentar que conduziu à
ideia Fruta Feia, porque «Gente bonita come fruta feia».
Isabel Soares, engenheira do Ambiente, interessou-se pelo tema ao ler
reportagens, ver documentários. «Dei por mim a pensar que isto não tem
lógica. Há um desperdício na ordem dos 30%», comenta a mentora da
iniciativa.
As bases que orientam a Fruta Feia
foram delineadas aos poucos. Entretanto, no início de 2013, Isabel viu o
anúncio do concurso FAZ - Ideias de Origem Portuguesa. Vivia em
Barcelona há sete anos e queria voltar. Apresentou a sua Fruta Feia e
ficou em segundo lugar. Fez as malas e regressou a Portugal para tirar o
projecto do papel e torná-lo uma concretização.
«O objectivo desta iniciativa é reduzir o desperdício alimentar, e
reduzi-lo a montante da cadeia agroalimentar, ou seja a nível dos
agricultores», sublinha Isabel.
A
empreendedora recebeu um prémio de 15 mil euros e, apesar do projecto
estar orçado em 21 mil euros, continuou o trabalho. Em Novembro 2013,
no Espaço da Casa Independente, na freguesia dos Anjos, em Lisboa, serão
distribuídos, em horário pós-laboral, todas as segundas-feiras, cabazes
com produtos hortofrutícolas da região e da época.
Foi constituída a Cooperativa de Consumo Fruta Feia e quem quiser ter
frutas e legumes de qualidade, mas de aspecto tosco, a preços mais
baixos do que os produtos normalizados, pode tornar-se membro da
Cooperativa, mediante o pagamento de uma cota anual.
Os cabazes de diversos tamanhos são semanalmente abastecidos com os
produtos agrícolas da região e os membros têm de recolhê-los,
transportando os produtos em sacos disponibilizados pela Fruta Feia.
O projecto-piloto arranca em Anjos, mas Isabel Soares assegura que a
Fruta Feia é para espalhar. «Queremos replicar a ideia noutros espaços
de Lisboa e noutras localidades», diz.
A equipa Fruta Feia conta com Isabel, dedicada a tempo inteiro, Inês
Ribeiro e Francisco Gonçalves, os três mais activos na Cooperativa. «Mas
no total somos seis pessoas», afirma Isabel Soares, de 30 anos.
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