quinta-feira, 28 de novembro de 2013

La Crêperie da Ribeira. À grande e à francesa




Aqui comem-se crepes a sério, como são feitos em terras gaulesas. De portas abertas desde Setembro, este é mais um motivo para se deslocar ao Cais do Sodré 
 
 


Ser gastronomicamente monótono é uma coisa triste. Mas acontece, é um defeito como outro qualquer. Algo como ir ao mesmo restaurante 20 vezes e pedir sempre o mesmo prato. Isso ou a ir a 20 restaurantes diferentes e escolher sempre bitoque. Quando entrar na La Crêperie da Ribeira, é pouco provável que tenha hipótese de seguir este método. Crepes como estes, ou os provou em França e por isso já sabe a receita, ou então vai ser uma estreia. E a nossa foi bastante composta. 

Bem, deixemo-nos de palavreado cuidado, o resultado foi este: duas galettes (crepes salgados) e dois crepes doces. Calma, sem exageros, o fotógrafo também almoçou. Aquela ideia de que os crepes não podem ser prato principal morre aqui.

Os primeiros registos destas iguarias levam-nos até ao século xii, na região costeira da Bretanha, França. Sabe-se, contudo, que apenas por volta dos anos 50 é que começaram a ficar mais famosos. Portanto, quem é de lá é que a sabe. Ana Sofia Oliveira nasceu em Paris - filha de emigrantes portugueses - e sempre quis trazer os crepes para Portugal, para onde veio há cerca de dez anos. Finalmente, o desejo foi consumado. "Já há algum tempo que eu e o meu marido temos esta ideia de abrir uma casa de crepes em Lisboa, achávamos que faltava uma verdadeira crêperie à francesa em Lisboa", explica.

À partida, podemos dizer que se trata de perfeccionismo desmedido, de detalhes que não fazem assim tanta diferença, mas não. Os franchisings e casas de crepes predominantes em Lisboa cometem uma série de erros decisivos em relação às receitas francesas: utilizam a massa do crepe doce com recheio salgado (a massa das galettes é feita com farinha de sarraceno, que é mais escura e não tem glúten); exageram na espessura dos crepes, tornam-nos muitos altos, são quase panquecas; por último, não têm sidra, bebida que por norma acompanha a degustação de crepes. Esclarecido? Lá está, parecendo que não, ainda é algo capaz de gerar comichão.

Já o conceito mistura-se com o local, como denominador comum de um Cais do Sodré cada vez mais ecléctico, divertido e, sobretudo, menos sombrio, ou seja, tudo o que se quer. "Gostamos particularmente do Cais do Sodré, primeiro porque é um bairro em evolução, com muita coisa nova. Depois, porque quisemos criar um espaço muito informal e acessível, que é a cara do Cais", confessa Ana Sofia.

A nossa refeição foi calma o suficiente para nos perdermos em horários e sabores. As escolham recaíram em duas galettes deliciosas: Portugaise (7€) - Alheira, ovos mexidos e salsa; Campagnarde (7€) - batatas e cebolas salteadas, bacon e ovo. Como se não estivéssemos satisfeitos - mas nisto de estar à mesa, quantas mais coisas se prova, mais informação adquirimos - fomos à sobremesa: Nutella (2,75€) e D'Antan - queijo amanteigado e marmelada - (5,50€). Tudo óptimo e o melhor só lhe contamos agora: é que o serviço é contínuo, ou seja, está aberto todos os dias das 9h às 24h e pode pedir o que quiser.

Ana Sofia explica o motivo. "Uma crêperie não é nada mais do que uma pizzaria ou uma hamburgueria, ou seja, é desse género de restauração que não tem propriamente um horário fixo, pode perfeitamente apetecer às pessoas a qualquer momento do dia", explica. Agora que falamos nisto... já ia outro.


Fonte: ionline

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