A ideia é fazer que as pessoas se apaixonem pelo seu lixo, começa Mário Silva, fundador da The Greatest Candle,
pôr todo o mundo a fazer velas coloridas e perfumadas com o óleo de
fritar batatas, antes de ser despejado ralo abaixo. A proposta é
simples: misturar umas colheres de um pó, levar uns minutos ao
micro--ondas, espetar um pavio, deixar arrefecer e já está. Tudo o que
precisa está no kit da The Greatest Candle, que custa 19 euros e tem o
material necessário para iluminar durante 180 horas.
“Acreditamos que, um dia, as pessoas vão deixar de ter em casa velas
feitas de parafina, um derivado do petróleo, um recurso escasso e
poluente. Atualmente, 80% das velas existentes no mundo são de parafina.
Queremos mudar isso!”, explicou Mário Silva, em entrevista ao Dinheiro
Vivo.
O negócio arrancou em maio de 2012 e logo em junho a The
Greatest Candle conseguiu entrar numa das maiores feiras de decoração do
mundo - a francesa Maison et Objet. Os dois portugueses - Mário Silva e
Rui Monteiro (dois ex-Sonae) - saíram de Paris com o prémio de produto
mais inovador e encomendas para vender em França, Bélgica, Itália,
Holanda e Reino Unido.
No primeiro ano, ou seja, em 2012, o
volume de negócios ascendeu a 200 mil euros, mas o objetivo para este
ano é duplicar e, para 2014, as previsões são de um milhão de euros de
faturação. Lucros só no próximo ano, pois o break even point ocorrerá
este ano.
O sócio francês, uma empresa distribuidora de velas que
tem cerca de 20% do capital, teve um papel importante na vocação
exportadora da The Greatest Candle, que, apesar de controlada por
portugueses, tem sede na Holanda - “Disseram-nos logo que não metiam
dinheiro em Portugal, um país em crise e que muda o enquadramento fiscal
a cada três ou quatro meses”, adianta Mário Silva. Só este ano, em
setembro, é que começaram a vender em Portugal. E num modelo de venda
assistida por demonstração, como a Bimby ou a Tupperware, que será, mais
tarde, transposto para os restantes mercados.
“Portugal, que
deverá pesar 30% da faturação do próximo ano, é o laboratório. Queremos
migrar este modelo de venda para outros países”, adiantou Mário Silva.
Segundo o fundador, o produto tem a ganhar com a venda através de
consultores - neste momento existem 15, mas a ideia é chegar aos 150
durante no próximo ano. “Acreditamos no community commerce, quem consome
vende. No fundo, é a lógica da venda direta do século passado, mas
assente numa dinâmica diferente, em termos tecnológicos, potenciada
pelas redes sociais”, diz Mário Silva.
Da lata e do seu próprio
conteúdo, a The Greatest Candle apenas importa os pavios e os perfumes,
que são de dois perfumistas estrangeiros (um francês e outro inglês):
“70% do produto é feito na Marinha Grande”, precisou o gestor. Além de
vender os kits para fazer velas a partir de óleos vegetais, a empresa
portuguesa produz velas com a sua tecnologia Oil to Wax - à espera de
registo da patente - para outras entidades, como por exemplo para a
Amnistia Internacional e para a World Wildlife Foundation.
Ideias
não faltam. No mundo das velas há ainda muito por explorar, como por
exemplo as velas terapêuticas, as antimosquito ou as que reduzem o
cheiro dos animais domésticos. E há mais lixo doméstico para se
apaixonar: “Já tenho mais ideias a partir do lixo que encontramos em
casa, mas ainda é cedo para falar e o nosso foco está ainda n’A Melhor
Vela”, acrescentou Mário Silva.
O negócio está a crescer e para
isso é preciso dinheiro, pelo que a The Greatest Candle irá efetuar um
aumento de capital ao longo do próximo ano. O capital social atual é de
140 mil euros e foi este, segundo Mário Silva, o investimento inicial no
projeto. Neste momento decorrem já negociações com potenciais novos
acionistas da empresa portuguesa, que participarão no aumento de
capital.
Fonte: Dinheiro Vivo
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