segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Reaproveitar óleos alimentares usados para transformar em velas

A ideia é fazer que as pessoas se apaixonem pelo seu lixo, começa Mário Silva, fundador da The Greatest Candle, pôr todo o mundo a fazer velas coloridas e perfumadas com o óleo de fritar batatas, antes de ser despejado ralo abaixo. A proposta é simples: misturar umas colheres de um pó, levar uns minutos ao micro--ondas, espetar um pavio, deixar arrefecer e já está. Tudo o que precisa está no kit da The Greatest Candle, que custa 19 euros e tem o material necessário para iluminar durante 180 horas. 

“Acreditamos que, um dia, as pessoas vão deixar de ter em casa velas feitas de parafina, um derivado do petróleo, um recurso escasso e poluente. Atualmente, 80% das velas existentes no mundo são de parafina. Queremos mudar isso!”, explicou Mário Silva, em entrevista ao Dinheiro Vivo. 

O negócio arrancou em maio de 2012 e logo em junho a The Greatest Candle conseguiu entrar numa das maiores feiras de decoração do mundo - a francesa Maison et Objet. Os dois portugueses - Mário Silva e Rui Monteiro (dois ex-Sonae) - saíram de Paris com o prémio de produto mais inovador e encomendas para vender em França, Bélgica, Itália, Holanda e Reino Unido. 

No primeiro ano, ou seja, em 2012, o volume de negócios ascendeu a 200 mil euros, mas o objetivo para este ano é duplicar e, para 2014, as previsões são de um milhão de euros de faturação. Lucros só no próximo ano, pois o break even point ocorrerá este ano. 

O sócio francês, uma empresa distribuidora de velas que tem cerca de 20% do capital, teve um papel importante na vocação exportadora da The Greatest Candle, que, apesar de controlada por portugueses, tem sede na Holanda - “Disseram-nos logo que não metiam dinheiro em Portugal, um país em crise e que muda o enquadramento fiscal a cada três ou quatro meses”, adianta Mário Silva. Só este ano, em setembro, é que começaram a vender em Portugal. E num modelo de venda assistida por demonstração, como a Bimby ou a Tupperware, que será, mais tarde, transposto para os restantes mercados. 
 
“Portugal, que deverá pesar 30% da faturação do próximo ano, é o laboratório. Queremos migrar este modelo de venda para outros países”, adiantou Mário Silva. Segundo o fundador, o produto tem a ganhar com a venda através de consultores - neste momento existem 15, mas a ideia é chegar aos 150 durante no próximo ano. “Acreditamos no community commerce, quem consome vende. No fundo, é a lógica da venda direta do século passado, mas assente numa dinâmica diferente, em termos tecnológicos, potenciada pelas redes sociais”, diz Mário Silva. 

Da lata e do seu próprio conteúdo, a The Greatest Candle apenas importa os pavios e os perfumes, que são de dois perfumistas estrangeiros (um francês e outro inglês): “70% do produto é feito na Marinha Grande”, precisou o gestor.  Além de vender os kits para fazer velas a partir de óleos vegetais, a empresa portuguesa produz velas com a sua tecnologia Oil to Wax - à espera de registo da patente - para outras entidades, como por exemplo para a Amnistia Internacional e para a World Wildlife Foundation. 
 
Ideias não faltam. No mundo das velas há ainda muito por explorar, como por exemplo as velas terapêuticas, as antimosquito ou as que reduzem o cheiro dos animais domésticos. E há mais lixo doméstico para se apaixonar: “Já tenho mais ideias a partir do lixo que encontramos em casa, mas ainda é cedo para falar e o nosso foco está ainda n’A Melhor Vela”, acrescentou Mário Silva. 

O negócio está a crescer e para isso é preciso dinheiro, pelo que a The Greatest Candle irá efetuar um aumento de capital ao longo do próximo ano. O capital social atual é de 140 mil euros e foi este, segundo Mário Silva, o investimento inicial no projeto. Neste momento decorrem já negociações com potenciais novos acionistas da empresa portuguesa, que participarão no aumento de capital.


Fonte: Dinheiro Vivo

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