terça-feira, 5 de novembro de 2013

Será uma alimentação vegetariana adequada para um corredor?

Atletas como Edwin Moses, Carl Lewis e Paavo Nurmi tornaram-se famosos não apenas pelos seus feitos desportivos mas também pelos seus hábitos alimentares: todos eram vegetarianos. 
Existem várias gradações de uma alimentação dita vegetariana:
  • Frugívora: a alimentação inclui apenas frutas cruas ou secas, frutos oleaginosos e sementes. Poderá incluir produtos hortícolas;
  • Macrobiótica: exclui todos os alimentos de origem animal, derivados de leite e ovos. Apenas inclui cereais, grãos e condimentos ditos “naturais” e “orgânicos”, não processados nem refinados;
  • Vegan: exclui todos os alimentos de origem animal, derivados de leite e ovos. No seu sentido mais extremo, exclui todos os produtos com ingredientes de origem animal, como o mel, gelatina, seda e lã;
  • Lacto-vegetariana: exclui todos os alimentos de origem animal e ovos, mas inclui leite e produtos lácteos;
  • Ovo-lacto-vegetariana: exclui todos os alimentos de origem animal mas inclui leite, lacticínios e ovos;
  • Semi-vegetariana: exclui carne vermelha mas inclui carnes brancas, peixe, ovos e produtos lácteos.

Várias são as razões pelas quais um atleta é ou se torna vegetariano. Estas poderão ser de cariz cultural e religioso; por exemplo, a maioria dos budistas não ingere carne, sendo que os mais radicais são vegan, e os hindus, além de excluírem a carne de vaca, muitos restringem a ingestão de outros tipos de carne, sendo a maioria lacto-vegetariana. 

Outras razões frequentes prendem-se com convicções éticas no que respeita aos direitos dos animais e, também, questões de carácter ambiental. Para além destas, questões relacionadas com a saúde e com o rendimento desportivo também são frequentemente citadas. Dietas vegetarianas são especialmente populares entre atletas de fundo e meio fundo, uma vez que este grupo de atletas se esforça diariamente por consumir uma alimentação rica em hidratos de carbono, e por manter um peso corporal baixo. 

Como a alimentação vegetariana é inerentemente rica em hidratos de carbono, poderá tornar-se vantajosa em termos de manutenção e restauração dos níveis de glicogénio (as nossas reservas de hidratos de carbono) muscular e hepático, essenciais para modalidades de resistência.   

Porém, tendo em conta que não existe um número suficiente de trabalhos científicos acerca de dietas vegetarianas em desportistas, não se podem tirar conclusões definitivas sobre os possíveis benefícios ou efeitos adversos deste tipo de alimentação no rendimento desportivo. 

Contudo, uma alimentação vegetariana, em especial a ovo-lacto-vegetariana, parece ser adequada para atletas desde que corretamente planeada e monitorizada. Um ponto importante é monitorizar se as necessidades energéticas estão a ser supridas; para tal, é aconselhado supervisionar o peso e a composição corporal regularmente. 

Outro ponto a ter em atenção é o facto de a passagem para uma dieta vegetariana poder mascarar, ou ser uma consequência, de uma perturbação do comportamento alimentar. Mais uma vez, aconselha-se uma monitorização do peso e da composição corporal de forma a assegurar que estes são mantidos de acordo com as recomendações para a modalidade em causa.

Concluindo, a alimentação vegetariana é uma opção válida para obtenção do máximo rendimento desportivo no corredor. Porém, esta precisa (tal como uma alimentação omnívora) de ser adequada ao corredor em causa e monitorizada ao longo do tempo. 

No próximo artigo, questões relacionadas com a ingestão energética e de macro e micronutrientes em corredores vegetarianos serão discutidas em maior pormenor. 
 

Fonte: i Online

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