Atletas como Edwin Moses, Carl Lewis e Paavo Nurmi tornaram-se
famosos não apenas pelos seus feitos desportivos mas também pelos seus
hábitos alimentares: todos eram vegetarianos.
Existem várias gradações de uma alimentação dita vegetariana:
- Frugívora: a alimentação inclui apenas frutas cruas ou secas, frutos oleaginosos e sementes. Poderá incluir produtos hortícolas;
- Macrobiótica: exclui todos os alimentos de origem animal, derivados de leite e ovos. Apenas inclui cereais, grãos e condimentos ditos “naturais” e “orgânicos”, não processados nem refinados;
- Vegan: exclui todos os alimentos de origem animal, derivados de leite e ovos. No seu sentido mais extremo, exclui todos os produtos com ingredientes de origem animal, como o mel, gelatina, seda e lã;
- Lacto-vegetariana: exclui todos os alimentos de origem animal e ovos, mas inclui leite e produtos lácteos;
- Ovo-lacto-vegetariana: exclui todos os alimentos de origem animal mas inclui leite, lacticínios e ovos;
- Semi-vegetariana: exclui carne vermelha mas inclui carnes brancas, peixe, ovos e produtos lácteos.
Várias são as razões pelas quais um atleta é ou se torna vegetariano. Estas poderão ser de cariz cultural e religioso; por exemplo, a maioria dos budistas não ingere carne, sendo que os mais radicais são vegan, e os hindus, além de excluírem a carne de vaca, muitos restringem a ingestão de outros tipos de carne, sendo a maioria lacto-vegetariana.
Outras razões frequentes prendem-se com convicções éticas no que
respeita aos direitos dos animais e, também, questões de carácter
ambiental. Para além destas, questões relacionadas com a saúde e com o
rendimento desportivo também são frequentemente citadas. Dietas
vegetarianas são especialmente populares entre atletas de fundo e meio
fundo, uma vez que este grupo de atletas se esforça diariamente por
consumir uma alimentação rica em hidratos de carbono, e por manter um
peso corporal baixo.
Como a alimentação vegetariana é inerentemente rica em hidratos de
carbono, poderá tornar-se vantajosa em termos de manutenção e
restauração dos níveis de glicogénio (as nossas reservas de hidratos de
carbono) muscular e hepático, essenciais para modalidades de
resistência.
Porém, tendo em conta que não existe um número suficiente de
trabalhos científicos acerca de dietas vegetarianas em desportistas, não
se podem tirar conclusões definitivas sobre os possíveis benefícios ou
efeitos adversos deste tipo de alimentação no rendimento desportivo.
Contudo, uma alimentação vegetariana, em especial a
ovo-lacto-vegetariana, parece ser adequada para atletas desde que
corretamente planeada e monitorizada. Um ponto importante é monitorizar
se as necessidades energéticas estão a ser supridas; para tal, é
aconselhado supervisionar o peso e a composição corporal regularmente.
Outro ponto a ter em atenção é o facto de a passagem para uma dieta
vegetariana poder mascarar, ou ser uma consequência, de uma perturbação
do comportamento alimentar. Mais uma vez, aconselha-se uma monitorização
do peso e da composição corporal de forma a assegurar que estes são
mantidos de acordo com as recomendações para a modalidade em causa.
Concluindo, a alimentação vegetariana é uma opção válida para
obtenção do máximo rendimento desportivo no corredor. Porém, esta
precisa (tal como uma alimentação omnívora) de ser adequada ao corredor
em causa e monitorizada ao longo do tempo.
No próximo artigo, questões relacionadas com a ingestão energética e
de macro e micronutrientes em corredores vegetarianos serão discutidas
em maior pormenor.
Fonte: i Online
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