segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A publicitária que viu além da amêndoa

Era uma vez uma amêndoa que sonhava ser tarte... e conseguiu ser a melhor. É o que dizem os clientes de Catarina Noronha, 45 anos, que depois de seis a trabalhar na McCann e de se ver desempregada começou a vender tartes e criou uma marca.

Foi há mais ou menos dois anos que tudo começou a acontecer. Em todos os encontros de amigos havia um pedido: “Vasco, traz a tarte!” O doce era famoso no grupo e desaparecia em menos de três tempos. E rapidamente se tornou tema de conversa entre os amigos, “que deram imensa energia ao projeto”, conta Catarina. “Entretanto, o Vasco registou a marca e de repente tínhamos uma apresentação a um potencial cliente.” Não podia ter corrido melhor. A Tarte tinha saída “e personalidade, era divertida e descontraída, as pessoas adoravam”. “Percebi que tinha um grande produto, mas não quis colá-lo aos ‘melhores bolos’ que já existem.” Ficou A Tarte. Ganhou uma página no Facebook - hoje com perto de 9 mil fãs - e tornou-se um pequeno negócio.

“Nunca imaginei que estaria a vender tartes”, garante a publicitária. Mas adora o que lhe aconteceu - ou antes, fez acontecer: “Passividade e inércia são o pior que nos pode acontecer. A Tarte veio adoçar-me a vida depois do ‘desgosto de amor’ que tive ao deixar a publicidade.”
A receita é de Vasco Valença, 53 anos, engenheiro alimentar atualmente a viver no Dubai, onde é vice-presidente de uma empresa de gelados, mas a marca tem todos os dedos de Catarina. “Foi ótimo, porque nos complementamos: o Vasco adora cozinhar, é criativo, inovador, curioso e apaixonado; eu gosto e conheço o projeto de comunicação.”

O investimento? “Foram os ingredientes - para a base de bolacha e o topping tipo nougat - e muita paixão.” 

Com o crescimento da marca, A Tarte ganhou volume e foi preciso abrir a Casa da Tarte, onde todos os dias quatro pessoas fazem artesanalmente as centenas de encomendas que chegam aos clientes. “Em dois anos, temos 90 parcerias, incluindo com restaurantes como o Solar dos Presuntos, e uma marca de grande notoriedade. Estivemos no Super Bock Super Rock e na Caixa Alfama, e percebemos que as pessoas queriam ter A Tarte por perto, por isso abrimos o corner no Corte Inglés - num espaço rotativo. Correu tão bem que ficámos. Agora abrimos, um pop up nas Amoreiras, onde as pessoas também podem comer A Tarte à fatia ou levá-la para casa. Não sei se abriremos mais.”

Para já, a preocupação é crescer, sem massificar, dando passos sempre muito sustentados. E pelo caminho aparecem edições especiais, como a de pinhão e o gelado.

“Queremos chegar aos quatro cantos do mundo; já estamos a entrar no Dubai, com um parceiro português”, revela Catarina, que fatura “uns milhares de euros”, mas acredita que vai quadruplicar esses valores este ano. E porque a vida lhe corre bem, A Tarte também já é solidária: associou-se à CASA e deu 2500 fatias aos sem-abrigo CASA.


Sem comentários: