Abriu
oficialmente a 2 de Dezembro na Rua do Arsenal, Cais do Sodré, em
Lisboa, com conservas de Norte a Sul e pretende aproximar os portugueses
das suas conserveiras de qualidade.
Em
nenhuma espécie de lata de conserva vai encontrar algo que diga
"abertura fácil". Além de requerer alguma força, é preciso atender à
técnica para não lascar um dedo. Mas há quem não arrisque, daí a grande,
e bem kitsch, cravadeira de pedal que nos saúda mal entramos na Loja
das Conservas.
Esta iniciativa da ANICP - Associação Nacional dos Industriais de
Conservas de Peixe - pretende dar aos portugueses um maior conhecimento
sobre as conservas nacionais e acabar com o preconceito de que só se
come atum ou sardinha em lata, quando não sobra nada na dispensa. Até
porque aqui há de tudo, dos 0,90€ aos 15€: filetes de atum com pickles,
salmão em molho d'alho, mexilhões, chaputa e cavala em azeite picante.
Ainda acha que as conservas são refeições de recurso?
Por norma, os enlatados que se compram nas grandes superfícies, de
marca branca, têm preços bastante baixos. Mas há muito que as conversas
começaram a entrar na rota das lojas de gourmet, onde alguns destes
produtos têm preços bastante mais elevados. Sara Costa, responsável pelo
espaço, guia-nos pelas primeiras marés. "Este projecto nasce sobretudo
com esse propósito, de criar uma rede de retalho que a própria indústria
sentiu necessidade", explica.
A grande dificuldade nestes amontoados gastronómicos sem cardápio, é
perceber as especialidades. Que neste caso, é como quem diz, as
conservas mais raras e mais difíceis de obter. Neste campo as ovas de
sardinha são o "caviar português", como nos conta Sara. Que é também a
mais cara por 15€, apesar do preço médio rondar os 2,5€.
Na Loja das Conservas, é barato viajar. Já que há conserveiras do
Norte a Sul do país, como a Comur, da Murtosa, distrito de Aveiro, bem
como a Conserveira do Sul, em Olhão. E o melhor disto tudo, é que são
rivais que dão sinais de amizade, vá, respeito, que isto das rivalidades
não é coisa com que se brinque. "É muito interessante perceber como é
que a indústria, às vezes concorrente entre si, ganha força unida. No
mesmo espaço comercial, a indústria destaca-se, a Loja das Conservas não
resultaria se só tivesse uma marca", defende Sara.
A Loja das Conservas é um oásis na paisagem algo suja - no bom
sentido - e tão tradicional que é a Rua do Arsenal. "Localiza-se num
ponto privilegiado, em que se cruza o público lisboeta que atravessa
esta rua todos os dias, e claro, os turistas. Por outro lado, a própria
Rua do Arsenal é uma rua com muita tradição histórica, no que diz
respeito às mercearias e ao comércio local", confessa Sara Costa.
Atraídos pelo Tejo e copos baratos por estas bandas, vêm os turistas.
Que por aqui - nós avisámos anteriormente que não dominávamos o assunto
- não se surpreendem com nada. E o lisboeta/português pode percebê-lo
rapidamente, basta ler os rótulos, muitos deles em inglês. "Os
estrangeiros, em grande parte das vezes, conhecem melhor as conservas
nacionais que os portugueses. Já que grande parte da produção é
exportada, temos aqui algumas referências que só consegue encontrar aqui
e que tiveram de ser especialmente etiquetadas porque nem sequer estão
em português", diz Sara Costa.
Quase de ida, deixamos um truque para que não saia da Loja das
Conservas em sofrimento: não cometa o erro de passar por lá entre
refeições, vá antes de almoço ou jantar, para correr para a cozinha e
não morrer de fome. Ou de vontade de comer. Agora diga lá que este
artigo não é um bom petisco.
Fonte: ionline
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