segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Sector do tomate em risco. Espanha e Itália têm 36,3 milhões para ajudas directas

Sector quer sensibilizar o governo para ter acesso ao mesmo tipo de apoios que os seus mais directos concorrentes. A não ser assim, podemos perder o 4.º lugar no ranking exportado.
 

A indústria do tomate corre o risco de perder competitividade face a Espanha e a Itália e recuar nos lugares cimeiros, enquanto exportadora, conseguidos nos últimos anos devido à possível distorção dos apoios dados pelos diferentes países europeus, na sequência da diminuição das ajudas comunitárias concedidas ao abrigo da Política Agrícola Comum.

O quarto maior exportador a nível mundial de tomate transformado, que detém a maior produtividade média da Europa e a terceira mais elevada do mundo, espera que o governo português inclua o sector nas ajudas directas do primeiro pilar da PAC no período entre 2014 e 2020, o que significa que quem plantar terá um reforço no envelope financeiro.

Espanha já anunciou publicamente que seguirá a política de ligar os apoios à produção do tomate industrial, ao invés de serem concedidos por hectare, as chamadas ajudas indirectas. O país vizinho reservou 6,3 milhões de euros para este efeito, o que representa um apoio de cerca de 280 euros por hectare.

Itália aposta forte nos apoios  

Também em Itália começaram a circular recentemente informações sobre o facto do governo se preparar para seguir o mesmo caminho dos espanhóis, mas com apoios substancialmente superiores: uma ajuda total de 30 milhões de euros que se traduzirá num financiamento, por hectare cultivado, de cerca de 500 euros.

Segundo Miguel Cambezes, secretário--geral da Associação dos Industriais do Tomate (AIT), o executivo português já mostrou estar sensível a esta matéria, embora até agora ainda não tenha avançado com nenhum acordo concreto.

"Uma vez que há outros países na UE que vão ligar as ajudas ao tomate, é quase obrigatório que o governo o faça porque senão o sector terá uma perda de competitividade enorme", disse ao i o dirigente associativo. "O Ministério da Agricultura é sensível à questão, tanto mais que esta fileira tem sido sempre apontada como um caso de sucesso."

Uma verdadeira estrela do agro-alimentar, é assim que a própria ministra da Agricultura, Assunção Cristas, se refere ao sector. "Mas resta saber se o nível financeiro que o governo se propõe disponibilizar será idêntico ao dos nossos concorrentes", disse ainda o secretário--geral da associação que representa o sector.

A redução substancial das ajudas à produção de tomate para indústria na Grécia, há dois anos, fez com que a produção naquele país tenha caído para metade. Este é o principal receio dos industriais, tanto mais que consideram que o aumento da produtividade via reforço dos apoios é uma forma de premiar a ineficiência por via administrativa.

A Associação dos Industriais do Tomate reuniu recentemente com a Comissão da Agricultura e Mar no sentido de somar apoios que promovam condições para a manutenção da competitividade nacional do sector.

O objectivo é conseguir uma produção de dois milhões de toneladas, processadas por ano, através da adopção de um vasto conjunto de iniciativas que passam por seguros de colheita para a extensão da campanha, incremento do rendimento agrícola, regulação do transporte da matéria-prima com igualdade de tratamento relativamente à indústria do papel e a criação de um centro de Investigação & Desenvolvimento de apoio a esta indústria. 


Fonte: ionline

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