A Universidade de Aveiro está a desenvolver uma rolha de cortiça que
integra um "chip" capaz de dar informações completas sobre o vinho, como
a data em que foi produzido e engarrafado e mesmo as temperaturas a que
esteve sujeito.
O invento, ainda em fase de protótipo, poderá vir a ser útil para os
consumidores mais exigentes, que a partir do seu "smartphone" vão poder,
num futuro próximo, saber as condições a que esteve sujeita a garrafa
que compram.
Desde logo serve de travão à falsificação de rótulos, pelo que poderá
interessar aos próprios produtores, mas também aos restaurantes que,
assim, se certificam de que as garrafas armazenadas que servem a um
cliente estão em perfeitas condições e com os níveis de qualidade que
ele espera.
A convicção é de Ricardo Gonçalves, que está a fazer o doutoramento
em Engenharia Eletrónica no Instituto de Telecomunicações da
Universidade de Aveiro e que, com Roberto Magueta, tem em mãos esse
projeto de investigação, sob orientação do professor Nuno Borges.
O protótipo atual tem um custo de um euro, valor que pode ser
largamente reduzido se vier a ser produzido em série, mas está ainda a
ser aperfeiçoado, apesar de resultar de muito trabalho de investigação.
" A primeira fase foi a mais complexa, que consistiu na
caracterização eletromagnética da cortiça, o que depois permitiu criar
em computador modelos de simulação e depois fazer o desenho das antenas,
estudando as propriedades de radiação e adaptá-las para os chips RFID.
Um dos primeiros protótipos que desenvolvemos foi uma antena numa placa
de cortiça", descreve.
O desafio seguinte foi diminuir o tamanho, tendo em conta o objetivo
de ser utilizado em garrafas, conseguindo-a embutir numa rolha, mas
ainda de alguma dimensão.
No protótipo mais recente, o chip, com uma pequena antena, é aplicado
numa rolha "perfeitamente banal, que consegue ser colocada em
praticamente qualquer garrafa de vinho ou de champanhe", mas suficiente
para permitir ao leitor obter os dados aproximando-o da garrafa.
"Neste caso, o chip tem uma distância de cobertura curta, um
constrangimento da redução do tamanho da antena. Tendo em conta a
aplicação que se pretende, de identificação das garrafas, a distância de
leitura é relativamente próxima, sendo um compromisso que se pode
assumir", explica Ricardo Gonçalves.
O passo a seguir é integrar sensores que poderão dar mais informações
sobre o estado das bebidas: "o que estamos a tentar fazer é integrar um
sensor de temperatura com este leitor, para ter acesso à leitura da
temperatura a que a bebida tem sido sujeita ao longo do seu percurso e,
eventualmente, de humidade se conseguirmos resolver o problema da
energia".
Para já, é preciso um leitor RFID para extrair os dados, que comunica
por "Bluetooth" ou cabo USB a um computador, ou a um smartphone.
A perspetiva é que, dentro de algum tempo, com a integração de
tecnologias "Near Fill Comunications" (NFC) nos smartphones, eles possam
ler as informações da rolha da garrafa, sem necessidade de equipamento
externo.
Fonte: Noticias ao Minuto
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