Investigadores do Instituto Gulbenkian Ciência (IGC) descobriram pela
primeira vez a evolução e as diferentes mutações que sofre a bactéria E.
coli no intestino, abrindo portas a novas estratégias de combate às
doenças, foi hoje divulgado.
O trabalho levado a cabo por três grupos de investigação do IGC,
liderados pela investigadora Isabel Gordo, é publicado na última edição
da revista científica PLoS Genetics.
A
investigação partiu do conhecimento de que o intestino humano aloja um
número de bactérias cerca de cem vezes superior ao número de células do
corpo, que pertencem a milhares de espécies, interagem entre si e são
fundamentais para a saúde, mas permanece desconhecido o ritmo a que cada
espécie evolui.
Para os cientistas é claro que os desequilíbrios entre os milhares de
espécies existentes podem resultar em doença, mas as transformações de
cada espécie podem contribuir para que uma dada espécie inócua se torne
prejudicial para o hospedeiro.
As três equipas do IGC juntaram então esforços para desvendar pela
primeira vez de que forma a bactéria Escherichia coli (E. coli) se
adapta e evolui no intestino do rato.
Os investigadores mostraram que rapidamente surgem E. coli com
diferentes mutações e, consequentemente, uma grande variação genética é
gerada ao longo do tempo nesta espécie.
Os resultados do estudo revelam um grau de complexidade na
macrobiótica intestinal desconhecido até agora, demonstrando uma enorme
riqueza na dinâmica evolutiva de cada bactéria, e será fundamental no
desenvolvimento de novas estratégias para combater doenças através da
manipulação de micróbios do intestino, afirma o IGC em comunicado.
Durante vários anos a evolução das bactérias tem sido estudada em
ambientes altamente artificiais, mas os investigadores do IGC
propuseram-se estudar a evolução da E. coli no seu ambiente natural: o
intestino.
Assim, os investigadores colonizaram ratos com E. coli e analisaram
as fezes para as mutações que entretanto surgiram no interior do
intestino.
Os resultados indicam a ocorrência de muitas mutações, sendo que as
bactérias que transportam mutações diferentes competem para se fixarem
no intestino.
Em resultado desta competição surge um processo de evolução com uma grande diversidade de estirpes de E. coli.
Para identificar os genes importantes para a adaptação ao intestino,
os investigadores estudaram geneticamente as estirpes da E. coli que
surgiram, tendo concluído que há "inativação de genes", que permitem às
bactérias crescerem melhor na presença de produtos gerados pelo
metabolismo do hospedeiro.
Os investigadores descobriram ainda que, apesar da alta complexidade
do ambiente natural estudado (intestino), o processo evolutivo é
altamente reprodutível, pois as mesmas mutações verificaram-se em
populações de E. coli em diferentes ratos.
Fonte: Noticias ao Minuto
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