Segundo a ministra, trata-se de "uma aposta relevante para o país", que
consome, em média, três vezes mais peixe do que os outros países
europeus.
A ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, disse nesta
segunda-feira que o Governo aposta num novo impulso à aquacultura e que,
mesmo com um Orçamento restritivo, conseguiu estender o "gasóleo verde"
às embarcações de apoio.
Assunção Cristas falava aos jornalistas à entrada para o seminário Aquacultura e Pescas, Oportunidades de Negócio, Portugal-Brasil,
que decorre na Universidade de Aveiro e que conta igualmente com a
participação do ministro da Pesca e Aquicultura do Brasil, Marcelo
Crivella.
"Para nós, é tão importante [a aquacultura] que, num
Orçamento do Estado restritivo, temos tudo o que é necessário para
executar bem os fundos de apoio ao investimento na área do Promar.
Negociamos com a Comissão Europeia podermos apoiar o Aquiseguro [seguro
bonificado para a aquicultura], através dos fundos europeus, e
conseguimos também estender o gasóleo colorido ("gasóleo verde") a uma
série de embarcações de suporte à aquacultura, que era algo que estava
excluído", salientou.
Segundo a ministra, trata-se de "uma aposta
relevante para o país", que consome, em média, três vezes mais peixe do
que a média europeia. "Há uma margem de progressão que pode ser
colmatada com a aquacultura. Importamos muito peixe por causa do
desfasamento entre o que se pesca e o que se consome e a aquacultura é
uma boa oportunidade para o país satisfazer o mercado interno", disse
Assunção Cristas, que referiu que Portugal já importa produto da
aquacultura de "muitas partes do mundo", pelo que "há uma margem grande
para crescer na produção de peixe e de bivalves e de acrescentar valor
através da indústria".
Projectos não faltam e sente-se um novo
dinamismo no sector, avalia a ministra, dando conta de que o programa
Promar já apoiou em 44 milhões de euros "variadíssimos projectos de
aquacultura" e, "só no período de pouco mais de um mês, no Algarve,
entraram 11 novos projectos apara aquacultura em mar aberto (off-shore).
Questionada
sobre o empreendimento da Pescanova em Mira, que tem estado inactivo, a
ministra disse que tem "trabalhado intensamente com o grupo galego"
para viabilizar aquele projecto, mas não através de financiamento junto
do Estado português, porque "esse apoio já foi dado". E considerou
"muito importante para o país" que a unidade de Mira da Pescanova volte a
produzir: "Houve um problema de projecto de base nesse investimento que
implicou, a dada altura, a pararem para fazerem os arranjos do ponto de
vista técnico e das infraestruturas, e a informação que temos é que
estão a preparar-se para voltar a produzir, o que é muito importante
para o país, porque foi um projecto grande e é positivo que possa voltar
a dar resultados".
Brasil procura tecnologia em Portugal
O ministro brasileiro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella, disse, por sua vez, que o Brasil quer atingir a produção de 20 milhões de toneladas de pescado por ano, para o que pretende encontrar parceiros em Portugal e na Europa.
"Queremos encontrar parceiros que tenham
tecnologia e que nos possam ajudar a chegar aos 20 milhões de toneladas
de produção de pescado por ano, que é o potencial do Brasil. Portugal e a
Europa, pela pequena quantidade que têm de água, acabam por fazer
produções intensivas com tecnologias que facilitam a produção", disse o
ministro brasileiro, referindo-se à aquacultura em água doce.
"No
gado, somos os maiores do mundo, mas agora queremos dar prioridade ao
peixe. O Governo reduziu os impostos, criou de maneira enérgica o
programa Safra para financiar o sector, e também descomplicou o
licenciamento ambiental, coisa que na Europa é muito difícil", disse
Marcelo Crivella, que apresentou mesmo a simplicidade do licenciamento
ambiental como um dos principais argumentos: A Europa tem pouca água e o
licenciamento ambiental fica muito difícil. O Brasil tem muita água e
pode utilizar uma pequena quantidade para produzir muito peixe, sem
descuidar a biodiversidade e essa é a grande vantagem do Brasil, que
dispões de clima e óptimas espécies".
Fonte: Público
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