segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Família de Sevilha morre intoxicada com peixe doado fora do prazo

Um casal e a filha adolescente morreram, em Sevilha, Espanha, vítimas de uma intoxicação alimentar. Viviam do que recolhiam no lixo e terão ingerido peixe fora do prazo de validade. Uma outra filha, de 13 anos, está internada. 

Enrique, de 61 anos, Concépcion, de 50, e a filha Tamara, de 14 anos, morreram, sábado, vítimas de uma intoxicação alimentar. Sobreviveu Vanessa, a outra filha do casal, de 13 anos, que está internada no Hospital Virgen del Rocío de Sevilha, fora de perigo.

Segundo testemunhos de vizinhos, que falaram ao Diario de Sevilla , a família assegurava a subsistência recolhendo cartão no lixo, que vendia depois, e alimentava-se de comida fora do prazo de validade que lhes era dada por algumas empresas e instituições.

Todos os dias de manhã bem cedo, o casal saía de casa para recolher nas ruas cartão, plástico e roupa velha para vender, contam os vizinhos. Quando conseguiam que lhes dessem uma caixa de sumos ou de tomate demasiado maduro, ofereciam a outras famílias que moravam no mesmo prédio.

A família não estava sinalizada pelos serviços de ação social da autarquia, mas, em outubro, Enrique tinha solicitado apoio dos serviços sociais. Não costumava pedir ajuda e na Cáritas existe apenas um pedido da família, nos últimos dois anos.

Alguns familiares das vítimas mostraram-se desagradados com o facto de os vizinhos terem assegurado que a família retirava do lixo o que comer. De acordo com Mariló Rodríguez, um sobrinho de Concépcion, tratava-se de uma "família bastante normal", ainda que "com problemas económicos, como tantas outras famílias em Espanha".


Enrique era canalizador e estava desempregado, desde o início da crise económica. Tinha outros dois filhos, já maiores de idade de um casamento anterior, um dos quais já se disponibilizou para receber a irmã, de 13 anos, que está hospitalizada, quando esta tiver alta.

O apartamento onde viviam, no rés-do-chão de um prédio de quatro andares, foi tomado pelo banco, há dois anos, mas ainda não havia ordem de despejo.

Familiares acusam serviços de negligência

Os primeiros sintomas que a família sentiu foram vómitos e náuseas. O centro coordenador enviou uma Equipa Móvel do Dispositivo de Cuidados de Urgência de Alcalá de Guadaíra, com um médico, um enfermeiro e um condutor, à casa da família pelas 2.55 horas da madrugada de sábado.

Mais tarde, pelas 9.55 um novo contacto dava conta do agravamento do estado de saúde da família. Quando chegaram ao local pela segunda vez, uma das filhas do casal estava em paragem cardio-respiratória e um dos adultos já em estado muito grave.

Os adultos ainda foram internados, mas acabaram por morrer no hospital. A filha de 13 anos informou os serviços médicos de que jantaram peixe, sexta-feira à noite. "É o único dado que conhecemos para já", María Dolores Gutiérrez, delegada dos Assuntos Sociais.

Só as autópsias poderão, agora, esclarecer os factos que estiveram na origem da tragédia, mas familiares do casal ponderam processar o serviço de emergência por negligência no socorro. 


Fonte: Jornal de Notícias

 

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