Um casal e a filha adolescente morreram, em Sevilha, Espanha, vítimas de
uma intoxicação alimentar. Viviam do que recolhiam no lixo e terão
ingerido peixe fora do prazo de validade. Uma outra filha, de 13 anos,
está internada.
Enrique, de 61 anos, Concépcion, de
50, e a filha Tamara, de 14 anos, morreram, sábado, vítimas de uma
intoxicação alimentar. Sobreviveu Vanessa, a outra filha do casal, de 13
anos, que está internada no Hospital Virgen del Rocío de Sevilha, fora
de perigo.
Segundo testemunhos de vizinhos, que falaram ao Diario de Sevilla
, a família assegurava a subsistência recolhendo cartão no lixo, que
vendia depois, e alimentava-se de comida fora do prazo de validade que
lhes era dada por algumas empresas e instituições.
Todos os dias
de manhã bem cedo, o casal saía de casa para recolher nas ruas cartão,
plástico e roupa velha para vender, contam os vizinhos. Quando
conseguiam que lhes dessem uma caixa de sumos ou de tomate demasiado
maduro, ofereciam a outras famílias que moravam no mesmo prédio.
A
família não estava sinalizada pelos serviços de ação social da
autarquia, mas, em outubro, Enrique tinha solicitado apoio dos serviços
sociais. Não costumava pedir ajuda e na Cáritas existe apenas um pedido
da família, nos últimos dois anos.
Alguns familiares das vítimas
mostraram-se desagradados com o facto de os vizinhos terem assegurado
que a família retirava do lixo o que comer. De acordo com Mariló
Rodríguez, um sobrinho de Concépcion, tratava-se de uma "família
bastante normal", ainda que "com problemas económicos, como tantas
outras famílias em Espanha".
Enrique era canalizador e estava desempregado, desde o início da crise económica. Tinha outros dois filhos, já maiores de idade de um casamento anterior, um dos quais já se disponibilizou para receber a irmã, de 13 anos, que está hospitalizada, quando esta tiver alta.
O apartamento onde viviam, no rés-do-chão de um prédio de quatro andares, foi tomado pelo banco, há dois anos, mas ainda não havia ordem de despejo.
Familiares acusam serviços de negligência
Os primeiros sintomas que a família sentiu foram vómitos e náuseas. O centro coordenador enviou uma Equipa Móvel do Dispositivo de Cuidados de Urgência de Alcalá de Guadaíra, com um médico, um enfermeiro e um condutor, à casa da família pelas 2.55 horas da madrugada de sábado.
Mais tarde, pelas 9.55 um novo contacto dava conta do agravamento do estado de saúde da família. Quando chegaram ao local pela segunda vez, uma das filhas do casal estava em paragem cardio-respiratória e um dos adultos já em estado muito grave.
Os adultos ainda foram internados, mas acabaram por morrer no hospital. A filha de 13 anos informou os serviços médicos de que jantaram peixe, sexta-feira à noite. "É o único dado que conhecemos para já", María Dolores Gutiérrez, delegada dos Assuntos Sociais.
Só as autópsias poderão, agora, esclarecer os factos que estiveram na origem da tragédia, mas familiares do casal ponderam processar o serviço de emergência por negligência no socorro.
Fonte: Jornal de Notícias
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